quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Inversão de si


Se aproximando daquele cômodo através do tato do caminho escuro, achou uma maçaneta áspera e molhada em meio as paredes. Girou a maçaneta e um rangido de porta mal lubrificada soou pelo vazio daquele quarto apagado e amplo, onde suas próprias palavras o vinham de encontro numa briga interminável entre a refração daquilo que ele dizia e o que ele realmente queria dizer, dizer para o silêncio e a negritude daquele quarto empoeirado de paredes espelhadas, que por estar escuro, por ele não foram percebidas.

Com o súbito clarear do ambiente, vindo da luz de uma pequena janela no canto do quarto, viu-se de frente, de lado, e de costas a si mesmo. Agora ele se encarava, se rejeitava, e se comparava ao mesmo tempo. Entretanto ele estava ali, não tinha como fugir, a porta se trancou com a força do vento vindo da pequena janela. Rodeado e ameaçado pela sua própria imagem, e pelos seus próprios sons, ruídos sem sentido, jogados ao eco do quarto, e que desorganizados, geravam significados nem sempre os quais esperados, que viajavam por entre a poeira rodeante no ar ao redor de sua cabeça.

Vestido de calça jeans clara, um tênis preto e uma camisa preta, ele se via vestido de calça jeans escura, tenis brancos e camisa branca. Via-se invertido, do avesso. Será que se via por dentro? As letras que permeavam sua cabeça, no espelho apareciam em antônimos. Dizendo amor, se via no espelho o ódio, mas dizendo o ódio, se via no espelho o amor! A antagonia daquele momento inopinado fez com que ele tirasse sua roupa.

Nu em frente, de costas, e de lado ao espelho, esperava uma imagem horrenda, ou de uma mulher, ou do seu corpo por dentro, ou de algum monstro no qual ele se transformara. No entanto ele viu sua pureza, aquela que não muda e ninguém tira. A luz dela iluminou o quarto que estava a meia luz daquela janela, que gerando vibrações, se transformou numa porta. A organização dos seus ruídos bucais ficou mais fácil, agora o amor era o amor, e o ódio era o ódio, e o sim era sim, e o não era o não. As palavras que rodeavam sua cabeça de forma desordenada se alinharam em versos muito bem elaborados em estrofes que iam de encontro àquela recém formada porta que diziam:

Sou quem não sou
Não sou quem eu
te diria que sou
Mas serei aquilo
que disse que vou

Procurei em mim mesmo
o que eu tinha de ser
Fiquei horas a esmo
me procurando entender!
mas como? não era eu mesmo.

A mim apavorando
Olhei dentro de mim
máscaras rancando
e percebi só assim
onde eu estava errando

O Voto



O Brasil, com seus pouco menos de 20 anos de democracia, e sua ganância, desonestidade falta de cultura ainda não aprendeu a se eleger, a votar, e nem mesmo ao o que é realmente democracia. O Aurélio me disse que democraria é uma doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição equitativa do poder.

Infelizmente o voto obrigatório fez com que quase 90% da população, sem noção do seu poder, ainda que ínfimo, o usassem de maneira ilícita e/ou imprestável. O povo brasileiro não sabe votar, e apenas vota por obrigação. Muitos votam com noção do poder e da importância daquele voto, muitos estes que não precisam ser advogados, nem pessoas de bem, podem ser analfabetos, mas que tem noção do poder em suas mãos, e que vão fazer bom uso, ou pelo menos tem esta intenção. Contudo há aqueles que fazem isto por fazer.

Assim obrigando um cidadão a fazer o que ele não quer, ou seja, impondo um dever, e não um direito, surge uma certa revolta, que devido àquele seu "poder igual ao de todos" não pode dizer não, então acaba votando sem interesse.

Com a adoção do voto facultativo, as pessoas sem interesse, que só votam por votar, e fazem da política a porcaria que ela é hoje, não retirariam suas nádegas do sofá em pleno domingo para fazer valer o seu sentido de ser cidadão e o seu poder equivalente ao de todos os outros votantes. Isto, de certa forma horrível, ao menos favoreceria o país, pois apenas aqueles que tem opinião e sabem votar o faria, assim havendo um filtro automático de ignorantes no poder.

Contudo não é só tornar o livre arbítrio um pouco mais livre, o objetivo ao se estabelecer o voto facultativo deveria ser no mínimo fazer com que a maioria da população votasse mesmo tendo a oportunidade de não votar. O problema é que isso envolve educação, e é claro, que ninguém liga pra isso aqui no Brasil, porque se não, teríamos vários caras como este aí em cima andando por nossas ruas, ameaçando a manutenção do poder das elites.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O que VOCÊ vai ser quando VOCÊ crescer...

Dizem por aí que se temos dois ouvidos e uma boca, é para que possamos escutar mais e falar menos. Incrível mesmo é o fato de que falando menos, mas falando aquilo que você quer, necessita, se revolta em dizer, acabam que tendo dois ouvidos também, não te ouvem nunca, nem quando mais você precisa.

Um homem mais sábio que eu também disse que os filhos são mais inteligentes que os pais, e que provavelmente os filhos dos filhos serão mais ainda, porque isso é evolução. Entretando esse ciclo é associado a uma corrente, um elo é evolução, outro é regressão, é como um menos um. Isso tudo resulta em ZERO. Essa porcaria de evolução da qual nós jovens estamos inseridos apenas serve de estopim para conflitos com aqueles que estacionados num passado, onde havia ditadura e opressão, sentem-se no direito de pensar o que quiserem e nos reprimir como quiserem por algo que NÓS julgamos normal e correto, mas que na visão cúbica dessa corja de pensamentos retrógados é absurdo. Ficamos empacados, e o elo mais fraco, que por incrível que pareça, é o evoluído, acaba se ferrando.

E por falar em ditadura, parece mesmo que eles gostam disso! Aliás, nem um diálogo comovente parte da suposta convergência entre dois pólos de uma atitude correta e não correta que permeiam as malditas das atitudes que nós tomamos sem a MÍNIMA experiência de vida! Ou seja, se estes velhos pensam que somos mais evoluidos, logo devem achar também que por isso temos de saber de tudo, porém ao mesmo tempo, nos criticam por acharmos que sabemos e se acham mais evoluídos e corretos(!). Caralho, onde isso tudo vai dar? Estou com vontade de mandar todos vocês que são quadrados e sem didática à rapariga que vos pariram.

É aquela coisa. Somos muito maduros para coisas dos interesses deles, mas para coisas dos nossos interesses somos ainda crianças demais. Que pena, mas mal sabem eles, que são tão crianças quanto nós, como já dizia Renato. Mas é absurdo culpá-los por tudo. Dizer que eles não te entendem é foda, porque você também não entende eles. Mas com tudo isso nas mãos, a maior responsabilidade que é a deles, é enfiada no toba pela arrogância e mania de achar que nunca podem estar errados. Mas a culpa também é nossa.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O Corpo do Caminho do Amor

entre Por cachos
De uvas douradas.
Desço e me encontro
Com a janela da alma,
Verdeada vidraça

Adiante deslizo entre maçãs
Macias à entrada
De Perfumes chocolate avelãs
A um túnel de cara
Com a luz do belo sorriso

Agarro-me em braços
Ternos em laços
Apertados
Amados

Afiro o pescoço
Do gogó ao cangote
O odor é teimoso.
Descendo aos seios
Prazer não se esgote

Me perco entre tomates
Lisos, macios.
Seguindo as três marias
Tropeço num sinal de cio
Chego à lombada a caminho de um rio!

Vegetação rasteira
Umidade a mil
Me comporto em amor
Sinto um calafrio
Tremedeira

Saì dali atordoado
Desci durante um sambado
Enrosquei num joelho
bati na canela
E caí no sustento afável

Ao chão fui lançado
Sou fracos,
Estou apaixonado
Sigo teus passos
Correndo aloprado

Percebo me então
Mãos macias me pegam
A boca sou levado
Mastigado e deglutido
Caminhei ao seu coração após digerido

Demência!





Perseverante



Ao contrário da baldada esperança, eis que surge a perseverança. Essa é um subproduto de uma esperança competente. Ser esperançoso é esperar de braços cruzados tudo o que se deseja cair do céu. Ser perseverante é correr atrás sem variar de intento, ser perdurante no que se quer, e lutar com todas as armas, ir até o céu.

Quando vejo uma foto dessas acima, olho para minhas pernas e penso: "Sou mais inútil que eles que têm uma perna só". Primeiro porque eu não sei jogar bola, segundo porque eles não desistiram ao encontrar um obstáculo; nunca; e eu já desisti de muita coisa que perto do obstáculo da falta de uma perna, é apenas um grão de areia.

E mais humilhante que o orgulho de vencer dificuldades e de um sonho alheio ser realizado enquanto o seu assiste isto num sofá deitado, é saber que a sua capacidade vai além daquela de quem venceu uma luta, e mesmo assim, não ter a mínima perseverança de correr atrás.

A partir daí percebe-se aqueles trânsfugas da atitude, os que reclamam e continuam sentados, os que choram e não enxugam as lágrimas, os que, LITERALMENTE, cagam e não limpam a bunda. Aliás, é disso que o mundo, Brasil, digamos, está sendo feito. Cada vez mais pessoas que sonham, acordam e o apagam, e se esquecem de que o sonho é o alimento da alma, e é o que faz reais sonhadores acordarem todo dia pela manhã e terem disposição de trabalhar 12 horas sem frio para serem alguém na vida, por mais problemas que tenham.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A Natureza



Por loucos, vagarosamente
Destruída mortalmente a Terra é sem dó
Matando pássaros ou loubos, problemático da mente
Ser humano bocó.

Sem moradia, perder-se-á no vácuo espacial
Considera-se o pobre mortal tão grandioso
Como a si mesmo pode matar-se o animal?
Burro inconsequente, ganancioso!

Coração poluído que suja vossas mentes
É, era o mundo desconhecido por vós
Entorpeceram de poder suas lentes
Cegando os olhares de um mundo melhor

Saúde de um ser perfeito e racional
Era algo muito glorioso
Devastada a grãos como um grande milharal
Hoje em dia já não é um gozo

Mãe primeira de que tudo existe,
Turberculosa a cuspir sangue por vulcões
A chorar águas quentes estando triste
A culpa é toda de vossos patrões

Amanhã passará a preto
Colorida Terra, descolorirá
Tornado o vivo estreito
Onde não há cor de passar

Show!


A música. A música é a expressão de um povo, de um ser, que da profundidade da invasão de si mesmo consegue retirar o que há de mais profundo, revoltoso, amoroso de dentro de sí, e escrever torto por linhas retas desenhando um caminho de significados tão complexos quando as ramificações do Amazonas.

E ao ouvir, é de difícil acesso a profundidade dos significados e do sentimento que o autor tenta passar. Ouvir é o de menos, é preciso sentir o que as letras fazem quando entram pelos ouvidos, e é indo num show que isso acontece. O calor humano esquentando seu corpo, uma massa enlouquecida a pular e gritar fervorosamente, como fiéis de Edir Macedo, a aclamar o som. Então é aí que o significado vem, as lágrimas correm como as ramificações, e o entendimento daquela música nunca mais será o mesmo.

E isso quem vos escreve diz de experiência própria, vivida, sentida e chorada. Um show com 40 mil pessoas bate qualquer meio milhão que vê uma missa no Vaticano. Tal energia não se equipara nem a Itaipu, nem às luzes de Las Vegas, nem ao Sol. É um estado de êxtase, uma evocação de si mesmo em função da música, que numa média de 3 minutos nos leva à situação, ou compara nossa própria vida com o que é descrito na poética cifrada da melodia.

Entretando há quem goste que ficar sentado numa cadeira em frente uma tela morfética vendo letras e mais letras e imagens e mais imagens e se sentindo bem por isso. Os médicos agradecem.

Tirem suas nádegas flácidas de suas cadeiras e vão a um show, sintam o que é música de verdade, não importa se é num pagode, ou se é num show de heavy metal, a energia é a mesma, só muda o ritmo, e é claro, a cultura (da qual eu falo mais tarde).

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Esperança? Puff...



Costuma-se citar muito aquele chavão quer diz ser a esperança, a última que morre. Entretanto é uma pena saber que de tão podre quanto a frase a esperança também é. 

Carregando a expectativa nas costas, a esperança anda para todos os lados, sugerindo soluções, inventando situações, e acasos que levem a vontade esperançada à sua realização. E a cada passo que o tempo dá mostrando a esperança de que é inútil esperar, mais esta se fere e manca a carregar a expectativa.

E essa é um peso nas costas da esperança, que somente faz a apressá-la mais ainda, a ponto de além de ser carregada, carregar aquela que a carrega a um caminho mais rápido para a atroz tristeza de cair no esquecimento.

E se de atreladas estas peças do quebra cabeça dramático da vontade fossem desligadas uma da outra? A esperança realmente duraria muito tempo, o tempo suficiente para cair no esquecimento, ou seja, acabar morrendo. E a expectativa? Da preguiça que governa o ser, já estaria em Floripa fumando um banza e deixando a vida de lado.

Então é assim que vive a esperança, atrelada a expectativa de que sua espera seja curta, e iludida pela sua própria vontade de realizar seus desejos, que por mais simples que sejam, não dependem dela, muito menos da expectativa, que são apenas agentes desestabilizantes da naturalidade com que as coisas devem acontecer. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Onde Foi Parar a Delicadeza das Pessoas?

Em resposta a este post: Ainda: Delicadeza.

Foi parar no egocentrismo de todos aqueles que de pensarem que o mundo deles é o centro do nosso mundo, reclamam de querer algo dos outros mas não cedem àquilo que os outros querem deles, nem muito menos os tratam da maneira que querem ser tratados.

Eu me confesso indelicado, aliás, todos somos de um certo ponto de vista indelicados, ao menos em pensamento, mas somos. Por que de alguma forma há sempre aquela vontade girando em torno de nós mesmos e cegando nossas atitudes para com as pessoas que julgamos importantes para nós.

Mas um me dê licensa, um por favor, e um obrigado, mais do que educados, são delicados, e fazem toda a diferença no relacionamento entre as pessoas. Entretanto, o que todos, inclusive eu, queremos, é um mínimo de atenção naquilo que achamos importante para nós e que para o povo que nos cerca não tem a mínima importância.

Muitos gordinhos não veem problema em serem chamados de gordos, chupetas de baleia ou seja lá o que for, porém há muitos destes que se ofendem a ponto de engressarem na depressão, e ninguém tem o mínimo de delicadeza, respeito, ou o famoso semancol.

Mas, contudo, toda via, entretanto, porém, o troco vem sempre na mesma moeda quando se trata da delicadeza. Nada mais prazeroso que nestas situações, delicadamente, nos indeliquemos com aquele as quais palavras ásperas nos feriram o respeito. O único problema é que apesar de prazeroso, vicia o ciclo da indelicadeza, o que falta mesmo é educação desse povo hipócrita e egoísta.

Voar Para Longe, BEM Longe.

If this life
Gets any harder now
It ain't no nevermind
Ya got me by your side
And anytime you want (fly fly fly)
Yeah we catch a train
And find a better place
Yeah, 'cause we won't let nothin'
or no one keep gettin' us down
maybe you and I
Could pack our bags and hit the sky




Fulano desde que se conhecia por espermatozóide número 3.784.120.573 até hoje que se conhece por ser humano número 37.317.165-1 foi um bom garoto. Educado, inteligente; meio bonitinho, mas não muito atraente; sempre competente, educado e coerente, humilde e contestador; nunca foi de se jogar fora, nem tão pouco pelos quais ele deve a vida.

Meio sem noção do mundo ao nascer, onde há luz, gente ruim e gente boa, sabor, cheiro e desejos, foi crescendo e aprendendo. Passou por crises intensas de relacionamento familiar pelos seus 8 anos de idade, mas aprendeu a lição como ninguém jamais aprenderia, assim como no amor, que aos seus quinze anos fez do seu coração um bife de marmita.

Fulano sempre se destacou em quase tudo que fez, não porque queria ser o melhor, ou porque alguém cobrava dele isto. Seus pais nunca foram de lhe cobrar muita coisa, só educação, foi independente desde sempre. Ele era assim porque era o seu jeito de ser, ser bom em muitas coisas, mas é claro que em milhares de muitas outras, um desastre em potencial, como jogando bola, coisa que todo brasileiro tem de saber, ele, coitado, não sabia muito bem, mas nunca desistiu! Por muito tempo fez aulinhas de futebol num clube de sua cidade. Resumindo, alguém normal, que nunca teve muita atenção de quem queria, mas que sempre, mesmo que sem querer, puxou a atenção de quem ,para ele, não era tão importante assim.

Na escola Fulano era um dos "Tops", como dizia sua coordenadora e seus professores, mas procurava sempre estar com os pés no chão e estar ciente de duas responsabilidades, mas enquanto uns o achavam até muito humilde, quem ele realmente queria que visse seu grande potencial em ser alguém que muitos outros com certeza jamais serão não via.

Elogios do seu pai sempre foram muito raros, reclamados até por sua mãe, carente as vezes de afeto masculino numa relação de quase 30 anos de casada. Mas esta sim era carinhosa, e não vendo muito, porém se guiando no escuro, elogiava Fulano pelos seus feitos, mas nada que atingisse a grandiosidade de carência existente naquele pequeno ser desde sua fatídica fecundação entre quase quatro trilhões de infelizes eufóricos para um lugar ao óvulo.

Com sua mãe batalhadora, meio perua metida, mas uma boa mãe, compreensiva e didática, aprendeu todas as lições que sem ela, a vida ensinaria de uma maneira talvez não muito confortável. Com seu pai, não aprendeu muita coisa, a não ser a lei do "cale a boca, eu estou sempre certo não importa o que aconteça".

Hoje, Fulano é um jovem que no auge da sua maturação, é valorizado por quem ele não dá a mínima, mas que pelos próprios pais, é apenas mais um, que não merece agrados, elogios, ou mimos de vez em quando. E a única coluna da sua sala vazia, é sua namorada, alguém que jamais vai existir denovo, alguém que sempre que ele chora por não ter tido um pai legal, o lembra que um dia lhe dará a graça de ser um, e ser para o seu filho o que o seu próprio pai não foi, e nem é, para ele: alguém que o vê como mais que um filho, um vencedor em muitas lutas que outros jovens já teriam jogado a toalha.

domingo, 12 de outubro de 2008

Feel The Jazz

Jazz.
É aquela introspecção musical, na qual sua alma se afoga entre notas imersas em improvisos e batidas que acompanham o ritmo do coração ávido por mais e mais embriagantes solos de trompete, piano, gaita, ou seja lá o que for regidos por um condução prestes a explodir de batidas vibrantes.

Jazz, como a vida, enraizadamente improvisado, não é ouvido, é sentido, e arrepia todos os prazeres sensuais, que vão sendo engolidos cada um por instrumentos distintos. Batida, sopro, toque; uma parte do seu corpo se modifica, se tonifica, purificando-se e sendo conduzido à leveza das batidas intermináveis de um interlocutor mudo. 

E da melancolia expressa de uns, à alegria de outros, o prazer se resume ao centro do equilíbrio instrumental dos músicos que de tão íntimos entre sí, tocam até em braile ou linguagem de sinais, porque todas as maneiras de se comunicar, sempre querem dizer a mesma coisa: harmonia.
 
E é da recém citada que devemos reger o dia. Regê-lo como um Jazz, sendo o percussionista, o comandante de todas as consequências harmônicas dos instrumentos que o cerca, aquele que a apenas ao toque de um tom, consegue mudar todo o caminho a ser seguido pela música, que entre outras coisas, é a vida.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O Tempo

Don't let the day go by
Don't let it end
Don't let a day go by in doubt
The answer lies within
Não deixe que o dia se vá
Não deixe que ele acabe
Não deixe que o dia termine com dúvidas
A resposta está dentro de você

O tempo acaba e começa a todo tempo, mas o tempo nem sempre é o tempo que parece ser. Duas horas podem ser um ano, e um ano passa num segundo. E o que passou, passou, o que não vem, um dia vai vir, e o que se aproveitar, foi aproveitado, e o que escrito foi alí, já faz parte do passado! 

Einsten acreditava que o tempo é a quarta dimensão, e assim surgiu o espaço-tempo, e a cada variação de espaço e tempo, há um acontecimento. Porém, se o espaço não varia, o tempo continua variando, e variando, e tudo vagabundando a reclamar de que o tempo passa até rápido demais.

Que estranho seria se não tivesse o tempo, o que fosse para ontem, poderia ser hoje, e o que ano que vem seria, até amanhã por aqui estaria a acontecer o quanto de 'tempo fosse' possível. Mas assim existir o tempo, e o que se faz agora, já foi feito. Por isso aproveite seu dia da melhor maneira possível, porque o tempo passa, e não volta, e o que se faz também. E  não reclame tanto enquanto é possível mudar, se está ao alcance, alcance(!) e não fique sentado sem sair do lugar.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

FGM

Hoje eu li numa revista sobre o FGM (Famale Genital Mutilation), uma mutilação do mais precioso orgão sexual das garotas de uma certa religião lá daqueles fins de mundo onde a inteligência ainda não chegou.

O que não me faltou mesmo foi indignação, da qual qualquer um ficaria submetido em saber do que se trata. Garotinhas de 4 anos sem saber o mínimo da vida, e nem pra que serve aquela coisa que as vezes faz cosquinha lá embaixo, sendo arrastadas involuntariamente a um consultório pediátrico a fim de terem o seu clitóris literalmente arrancado, mutilado, dilacerado sem a mínima dó.

As garotas simplesmente perdem a sua identidade sexual de maneira violentamente imbecil! Não sentem praticamente mais nada, e a justificativa ridícula apresentada para este tipo de costume grosseiro é que assim elas não traem seus maridos e coisa e tal.

Que coisa mais sem noção. O retardado que fundou essa morfética religião devia ser um machista desgraçado que pensava ser a mulher um brinquedo sem o mínimo direito de prazer, e o pior de tudo é que as mãs, que provavelmente passaram por isso também, obedecem a essa blasfêmia apenas por que um livro diz, mesmo ela supostamente tendo sofrido com isso também.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Querer

Berlin Wall


Eu?
Quero,
Quer, ele
Eu não quero,
Querer ele? Não

Tudo o que se quer,
Não queira há quem
Tudo o que se não queira
Alguém há de querer,
até mesmo queria aquele que não!

Querer é poder
Poder também é não querer
Querer então poder não ser
Porque não querer, poder
Poder também querer.

Ter não posso então
Poder de querer poder
Quem porque querer, pode
Não querer quem podeis também.

Ps: Foguete? Abajour de lava?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Renato e Seus Jovens

Renato tinha uma música que falava sobre os jovens. Mas tualmente nos dias de hoje, os jovens andam tão levados da breca que andam escrevendo assim mesmo: "Atualmente nos dias de hoje", e até coisas piores! A educação já deixou de estar em primeiro plano na vida de muitos adolescentes. 

A falta de interesse no que é bom para eles mesmos é algo surpreendente, visto que muitos deles passam por necessidades, não são ricos, e tem a plena consciência de que se não estudarem para serem alguém na vida, vão ser eternos favelados. No entanto tudo o que estes querem é curtir a vida, encher a cara de maconha e álcool sem se preocupar com o futuro. 

Claro que eles podem encher a cara, aliás, do que eles quiserem! Desde que sejam responsáveis o suficiente para isso e cumpram com as suas obrigações, que a própria vida impõe, e os coitados dos pais apenas tentam impor um pouquinho mais, o que é em vão.

Há algum tempo foi ouvido por alguém, palavras de uma estudante que tem 19 anos, e está no segundo colegial, era algo mais ou menos assim: "Pra quê istudá? Eu quero é trabalhá, depois eu faço um supletivo, quero tê o meu dinhêro!". O alguém que ouviu foi o cara que está vos escrevendo neste instante, e sua indignação foi tão grande a ponto dele cair da cadeira. Como pode haver uma cabeça tão nanica?  

E é por estas e outras afirmações que conclui-se que os jovens não são mais os mesmos, e que o futuro da nação, aquela tal coca-cola geração, era apenas um sonho do Renato. Nenhum jovem faz o seu dever de casa, nem muito menos derrubará algum rei, ou fará revolução, são na verdade os filhos da regreção.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Falar e falar



Qual a diferença entre falar, e Falar? Falando somos nós mesmos, falando somos idiotas. Há quem diga que falar é produzir, com algum sentido, um som que saia pela boca, no entanto os que Falam, pensam e emitem o sentido de maneira correta, enquanto os que apenas abrem a boca, falam o que lhes vem à cabeça sem pensar.

Isso porque observa-se ao redor do mundo de alguém, algumas pessoas tão imbecis que chegam a ser até mesmo engraçadas no falar. Sentem-se no direito de Falar, mas quando Falam se esquecem que antes de Falarem, eles haviam falado.

E isso é tão chocante, vejo ladrões exigindo que não roubem, vejo pessoas que gritam dizendo para falar baixo, e dizem com tanta imponência que quem não conhece acha que essa pessoa é de uma relevância astronômica, mal ela imagina que estas são as mais irrelevantes e sem sentido...