segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ter É Na Verdade Não Ter


Querendo ou não, qualquer pessoa fica segura quando tem posse. Parece que quando possuímos algo, este algo reciprocamente nos possui na mesma intensidade ou a ponto de nos sentirmos confortáveis em questão a este, como se nada o tirasse de nós.

Mas ao meu ver, existem dois tipos de posse, a posse livre, e a posse empossadora. A primeira é a mais bela e primitiva das posses, aquela que surgiu na idade das pedras um pouco antes da macabra empossadora. Surgiu quando que por acaso simplesmente nasceu um laço fraternal entre dois seres vivos. 
Digamos um homem e um pássaro. Naquela época ainda não se pensava em engaiolar os animais, então o homem com todo o carinho alimentava o pássaro que, com toda a liberdade que possuía, não largava o pé do coitado do homem. Às vezes voava para bem longe no horizonte, para talvez até encontrar outro amor, ou apenas se aventurar, mas sempre voltava para o seu 'dono'. 

Já a posse empossadora, pode até ser considerada um sentimento doentio de certas pessoas. Surgiu juntamente do egoísmo, quando o homem resolveu olhar para um objeto qualquer e dizer que era apenas dele e de mais ninguém. Mas ele sabia se o objeto gostaria de ser dele e só dele? E se o objeto quisesse ser de mais alguém, mas não desmecerendo ser de quem já o havia tido como posse?

Este segundo tipo de posse é quem provocou toda a desgraça existente no mundo. Israel quer Jerusalém só para ele. Maria quer Joãozinho só para ela. O garotinho diz que o brinquedo é dele quando outro garotinho apenas o encosta a mão. E assim vai. Esqueceram o quão belo é ter algo que na verdade não é seu. Esqueceram que o verdadeiro ter, é não ter e ao mesmo tempo ainda ter, sem obrigar a ser. É deixar a ave solta, e ela voltar espontaneamente.

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