segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Mas Todos Acreditam No Futuro Da Nação

Esses dias passando pelos canais parabólicos parei para assistir dentre leilões de boi, sessões de descarrego e venda de jóias, um canal chamado NBR. Lá havia então um programa de entrevistas onde uma negra estilosa de black power entrevistava duas lésbicas. O programa se chamava Direitos de Resposta, eu acho...

Fiquei chocado com tamanha pobreza da sociedade diante da capacidade de fazer propagandas chefiadas pelo próprio GOVERNO FEDERAL dizendo para nós sobre igualdade e coisas sobre o preconceito ser crime quando vi aquelas duas mulheres dizerem sobre os direitos os quais elas não tem apenas por não serem consideradas uma família.

Um casal homossexual não pode ter um plano de saúde conjunto, direito a bolsa família ou qualquer programa do GOVERNO FEDERAL, comprar uma casa juntos etc., isso é o que eu lembro, mas tem muito mais. Engraçado, eu achei que preconceito fosse qualquer tipo de discriminação, mas isto não seria um tipo de preconceito? Ou negar a formação de uma família com duas mães ou dois pais não é algo certo porque isso é diferente? A diferença está presente em cada um de nós e duvido que alguém se sinta bem quando esculachado por ter ou ser o que os outros não tem ou são. Além do mais, um pai que tem um neto com a própria filha e vira um 'paivô' tem uma família linda perante a lei!

Depois de ver aquilo e me sentir de mãos atadas ainda veio uma simulação muito bem feita de um garoto que descobrira ser gay e não queria sair do armário por causa de todo um preconceito. E uma trama comovente leva a sua aceitação e também a daqueles que antes o rejeitavam. 

Após o programa veio o encerramento e fomos para um comercial, daqueles grandes, de intervalo entre um programa e outro. De repente, me sinto a chorar de ver uma vinheta assim: " NBR O Canal do GOVERNO FEDERAL! "

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

E Há Tempos o Encanto Está Ausente


Ele, sem nada pra fazer, resolveu por uma daquelas velhas músicas que ouvia desde que nascera. Rocks que hoje em dia não fazem, aquela balada romântica e pesada, que trazia vagas lembranças do seu passado. Músicas que talvez tenham sido trilha sonora de um momento único, ou músicas que apenas o faziam pensar e sentir através das ondas que o levava a um estado emocional delicado.

Talvez este seja o motivo de muitos adultos não ouvirem mais músicas, ainda mais aquelas que cercavam seus mundos. Pensou. 

No auge da sua juventude já se sentia tocado pela memória ao ouvir algumas músicas, imaginou-se então mais velho e ouvindo as mesmas músicas que hoje o emocionava. Realmente, chegou a ser meio desagradável. 

Entretanto outros pensamentos rondavam sua mente, e parou para pensar que se músicas o faziam chorar, por que então não haveria uma que o fizesse sorrir? Porém até mesmo os adultos não ouviam tais sons. Por quê? Então ele concluiu aquilo que já era costume há muito tempo. A felicidade anda tão escassa, que até mesmo lembrar de momentos bons gera a mágoa de saber que dificilmente eles voltarão.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A Escrita Que Salvará o Mundo



Tanta coisa para mudar e algum infeliz propõe uma ideia infeliz, que outros infelizes aprovam, enquanto há uma fila de milhares de decisões mais importantes para se tomar para acabar com toda a infelicidade. Como será que tranqüilo ou tranquilo vão contribuir para a fome no mundo? Com certeza estas duas migalhas em cima da letra 'U' vão parar na mão de um pobre africano, certo?

Dizem que a reforma ortográfica serve para uma melhor unificação entre os povos falantes da língua portuguesa. Pode até ser que isso melhore a comunicação escrita entre nós, mas e o "ora poixx" a cem quilômetros por hora de um português? Ou o português emaranhado de dialetos africanos? O que nos junta mesmo é a feijoada, a cor de nossas peles, e toda a história que tivemos juntos. O resto é apenas resto, e a língua é a mesma em todo lugar, apenas a maneira de falar que complica. 

Até mesmo no Brasil. Se um Paulista for parar no Ceará, ele certamente passará por dificuldades na comunicação, e não é um hífen ou um assento que vão ajudar a melhorar isto. O que realmente melhoraria isto seria um investimento pesado em cultura e educação, ou será que poblema é uma palavra já existente no dicionário? Os coitados dos africanos mal comida tem para comer, mas aprender a escrever guarda-chuva ou guardachuva(?), ah, isso sim é muito importante!

Ter É Na Verdade Não Ter


Querendo ou não, qualquer pessoa fica segura quando tem posse. Parece que quando possuímos algo, este algo reciprocamente nos possui na mesma intensidade ou a ponto de nos sentirmos confortáveis em questão a este, como se nada o tirasse de nós.

Mas ao meu ver, existem dois tipos de posse, a posse livre, e a posse empossadora. A primeira é a mais bela e primitiva das posses, aquela que surgiu na idade das pedras um pouco antes da macabra empossadora. Surgiu quando que por acaso simplesmente nasceu um laço fraternal entre dois seres vivos. 
Digamos um homem e um pássaro. Naquela época ainda não se pensava em engaiolar os animais, então o homem com todo o carinho alimentava o pássaro que, com toda a liberdade que possuía, não largava o pé do coitado do homem. Às vezes voava para bem longe no horizonte, para talvez até encontrar outro amor, ou apenas se aventurar, mas sempre voltava para o seu 'dono'. 

Já a posse empossadora, pode até ser considerada um sentimento doentio de certas pessoas. Surgiu juntamente do egoísmo, quando o homem resolveu olhar para um objeto qualquer e dizer que era apenas dele e de mais ninguém. Mas ele sabia se o objeto gostaria de ser dele e só dele? E se o objeto quisesse ser de mais alguém, mas não desmecerendo ser de quem já o havia tido como posse?

Este segundo tipo de posse é quem provocou toda a desgraça existente no mundo. Israel quer Jerusalém só para ele. Maria quer Joãozinho só para ela. O garotinho diz que o brinquedo é dele quando outro garotinho apenas o encosta a mão. E assim vai. Esqueceram o quão belo é ter algo que na verdade não é seu. Esqueceram que o verdadeiro ter, é não ter e ao mesmo tempo ainda ter, sem obrigar a ser. É deixar a ave solta, e ela voltar espontaneamente.