sábado, 27 de dezembro de 2008

Dos Sonhos Que se Configuram Tristes e Inertes

Love is All We Need

Na noite de 26 de Dezembro de 2008, Clarisse vai animada ao quarto ao lado do dela. Já quase sem esperanças, e após muita discussão sobre isto, diz a sua mãe que aquela boneca que ela tanto queria está pela metade do preço. Apesar de ainda estar cara. Mas clarisse ainda ostentava aquela boneca com todas as suas forças, e a desejava receber de forma merecedora, ou seja, ganhá-la de seus pais, não por ela pedir, mas por ela merecer pelos seus feitos, apesar de às vezes não tão bem feitos, mesmo tendo que encher o saco às vezes, já que sua outra boneca quebrara há pouco mais de 3 meses.

Ao dizer a sua mãe sobre o preço da boneca, eis que esta lhe apenas jogou um olhar e resmungou algo tão baixo que nem um cachorro, outro desejo antigo de Clarisse, ouviria. Ela apoiada no batente da porta do quarto de sua mãe, que ao lado de seu pai não a davam a mínima naquele momento, retirou-se com mais desânimo ainda, sentindo-se sem importância.

Tudo bem que sua mãe dizia estar em dívidas, prestações de apartamentos e eticétera acometeram-na bem no final deste ano, mas será que sua mãe estaria pobre a zero? Clarisse tinha certeza que não, afinal, gastou dinheiro para pintar uns cômodos da casa, melhorar o nicho do fogão de sua cozinha e comprou enfeites de natal apenas para sair da mesmice dos anos anteriores.

Clarisse sentou-se numa cadeira confortável e reclinável em frente ao seu computador. Lá ficou pesquisando preços de bonecas das mais variadas formas dentro daquilo que ela queria. Já em desespero, procurava a mais barata, e assim achou a mesma boneca que estivera na metade do preço, mas agora mais barata ainda! Se empolgou mesmo que minimamente. E com o ânimo de sempre, já imaginando que seria ignorada, foi novamente ao quarto de seus pais a avisar que havia achado uma mais barata e igual.

Sua mãe resmungou mais alto ainda, e deu para ouvir desta vez. Dizia que não tinha dinheiro para pagar a boneca. Clarisse então contra os príncipios do que ela realmente queria receber ganhando aquela boneca, já atira como cego em tiroteio, apenas para ter aquele objeto de desejo, e diz que pagaria uma parte da boneca com suas economias. E novamente o silêncio se instalou a ignorando. Clarisse voltou para o quarto desolada.

Mas ainda numa última tentativa, volta lá após uns trinta minutos e pergunta à sua progenitora o que ela faria na manhã do dia seguinte, pois queria ir à loja comprar sua boneca. Demonstrando estar sem vontade alguma para isto sua mãe diz que seu pai a acompanharia. Mas seu pai já havia lhe dado cem cruzeiros de presente de natal. Aquela boneca era presente de sua mãe, e clarisse a comunicou disso, em vão. Novo silêncio. 

Na manhã, dia 27, clarisse acordou às 8:00h pensando que conseguiria algo. Tomou café com seus pais, e ao longo desta ocasião apenas fora criticada sobre duas coisas que ela disse sentada à mesa, nada de demais, mas coisas que não tinham necessidade de serem ditas. Clarisse era assim, sua visão de mundo talvez equivocada, mas irrevogavelmente diferente, sempre a colocava em posição de risco a pedidos de silêncio aos violentos "cale a boca". Ninguém a compreendia, e ninguém sabia qual o verdadeiro significado daquele seu desejo de ganhar a boneca. Não era a boneca, mas o que ela representava. Clarisse sempre recebeu amor, mas às vezes para que se sentisse querida, achava justo que ganhasse alguma coisa. É como o troféu que um competidor ganha ao vencer uma prova, se mostra melhor que os outros. Ela queria se sentir assim. Mas competidores não imploram por um prêmio, muito menos o ajudam a pagá-lo. Clarisse não tocou mais no assunto e resolveu esperar e ver se alguém lembraria dela. Será que lembraria?

Um comentário:

  1. A vivência faz de nós seres humanos relatos escritos. Gostei do escrito por ti, caro.
    Creio que é uma forma de exacerbar aqueles pensamentos dos recônditos, mas são bons os escritos, parabéns mais uma vez

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